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Na sacada da esperança: o primeiro discurso do Papa Leão XIV e os sinais de um novo tempo para a Igreja

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    Fala, Peregrino!
  • 8 de mai.
  • 3 min de leitura

Paz, gratidão e esperança foram as palavras que marcaram o primeiro discurso do papa Leão XIV, eleito nesta quinta-feira (8) como o novo líder da Igreja Católica. Diante de uma Praça São Pedro lotada, o norte-americano Robert Francis Prevost emocionou fiéis ao pedir a paz, agradecer ao papa Francisco e prometer uma Igreja próxima de quem precisa.


por Pedro Corsini


Foto: Reprodução/Vatican News
Foto: Reprodução/Vatican News

Quando o relógio marcava 18h24 no Vaticano, os olhos do mundo voltaram-se mais uma vez para a sacada central da Basílica de São Pedro. Ali, envolto pela emoção de milhares de fiéis e pelo peso simbólico de séculos de história, o recém-eleito Papa Leão XIV apareceu pela primeira vez como líder espiritual de mais de 1,3 bilhão de católicos.


Não era apenas o anúncio de um novo pontífice — era o início de uma nova história, marcada por palavras cuidadosamente escolhidas e por um tom que apontava para a continuidade com transformação.


A voz da paz no centro da Igreja

Antes mesmo de saudar oficialmente os fiéis, Leão XIV — nascido Robert Francis Prevost, em Chicago — deixou claro o tom que deseja imprimir ao seu pontificado. “Que a paz esteja com vocês”, disse, com firmeza, logo nos primeiros minutos. Um apelo direto, num tempo em que guerras, conflitos étnicos e violência atravessam continentes. "Caríssimos irmãos e irmãs, esta é a primeira saudação de Cristo Ressuscitado, o Bom Pastor que deu a vida pelo rebanho de Deus. Eu também gostaria que esta saudação de paz entrasse em seus corações, chegasse às suas famílias, a todas as pessoas, onde quer que estejam, a todos os povos, a toda a terra. A paz esteja com vocês! Esta é a paz de Cristo Ressuscitado, uma paz desarmada e uma paz desarmante, humilde e perseverante. Ela vem de Deus, Deus que nos ama a todos incondicionalmente", disse o novo papa.



Gratidão ao Papa Francisco e a escolha do caminho

Num gesto que uniu o passado recente ao presente, Leão XIV dedicou uma parte significativa de seu discurso à gratidão por seu antecessor. "Ainda conservamos em nossos ouvidos aquela voz fraca, mas sempre corajosa, do Papa Francisco que abençoava Roma! O Papa que abençoava Roma concedia a sua bênção ao mundo, ao mundo inteiro, naquela manhã do dia de Páscoa. Permitam-me prosseguir com essa mesma bênção: Deus nos ama, Deus ama a todos vocês, e o mal não prevalecerá! Estamos todos nas mãos de Deus. Portanto, sem medo, unidos de mãos dadas com Deus e entre nós, sigamos em frente. Somos discípulos de Cristo. Cristo nos precede. O mundo precisa de sua luz. A humanidade precisa dele como ponte para ser alcançada por Deus e seu amor. Ajudai-nos também vós, e depois uns aos outros, a construir pontes, com o diálogo, com o encontro, unindo-nos a todos para sermos um só povo, sempre em paz. Obrigado, Papa Francisco!", afirmou.


Uma ponte entre os continentes

Mas talvez o momento mais comovente de seu discurso tenha sido quando, em espanhol, falou diretamente à sua antiga diocese no Peru: “E se  também me permitem, uma palavra, uma saudação a todos aqueles, e em particular à minha querida Diocese de Chiclayo, no Peru, onde um povo fiel acompanhou seu bispo, compartilhou sua fé e deu muito, muito para continuar sendo Igreja fiel de Jesus Cristo.", disse com tom sereno.


Esperança, simplicidade e compromisso

No trecho final de sua fala, Leão XIV elevou o tom e a emoção: “A todos vocês, irmãos e irmãs de Roma, da Itália, do mundo inteiro, queremos ser uma Igreja sinodal, uma Igreja que caminha, uma Igreja que sempre busca a paz, que sempre busca a caridade, que sempre busca estar próxima, especialmente daqueles que sofrem.", encerrou o discurso. A multidão o ouviu em silêncio respeitoso, alguns com lágrimas nos olhos. Havia ali, mais do que um discurso: havia um rito de passagem. A Igreja, mais uma vez, virava uma página.


O que esperar do novo pontificado?

Embora os gestos e palavras iniciais ainda estejam sendo analisados por especialistas, o que se viu no Vaticano nesta quinta-feira foi o nascimento de uma liderança que promete unir a firmeza moral com a escuta compassiva. Leão XIV parece entender que, num mundo fragmentado, a Igreja não pode se recolher — precisa dialogar, acolher, mas também inspirar. Ele começa seu pontificado com o desafio de manter acesa a chama das reformas de Francisco e, ao mesmo tempo, de imprimir seu próprio estilo. Com raízes americanas, alma missionária e formação agostiniana, o novo papa estreia com o peso da história nas costas — mas com um olhar que aponta para a esperança.

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